Luta contra o racismo e por reparação ao povo negro é de toda a sociedade

Pela primeira vez, o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, será feriado nacional. Apesar da importância desse marco, é preciso pensar na data para muito além do dia de folga.

Em um país em que feriados, nomes de ruas e praças reverenciam majoritariamente os opressores do povo negro, o 20 de novembro ainda é um convite para a batalha antirracista e por reparação.

A data faz referência ao dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares que, ao lado de Dandara, é símbolo da luta contra a escravização no Brasil. Esse período lastimável da nossa história se reflete até hoje no racismo e na desigualdade entre negros e brancos.

Escravização reestruturada
Em uma espécie de abolição inacabada, a reparação ao povo negro segue a passos lentos no Brasil. Até porque uma sociedade capitalista incentiva a escravização reestruturada, em que negros são cada vez mais explorados pelo sistema.

Um exemplo é que, apesar da lei de cotas, em 2023, enquanto 30% dos jovens brancos estavam no ensino superior, apenas 16% dos jovens negros cursavam faculdade, segundo o IBGE.

Com pouco acesso à educação, o povo negro acaba ocupando piores cargos. Os brancos ganham 61% a mais. Negros ocupam mais cargos informais, enquanto brancos geralmente têm carteira assinada, de acordo com o IBGE.

Em subempregos, pessoas negras se tornam as principais vítimas da marginalização e da violência. Mulheres, crianças e homens negros têm quase quatro vezes mais chance de morrer em intervenções policiais do que pessoas brancas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

"Todos os operários são vítimas da exploração capitalista, mas é o nosso povo que mais sofre. Somos nós que estamos na periferia, sem acesso a saúde, segurança e educação, com piores salários e empregos e menos oportunidades. A luta por reparação é a luta contra a escravização moderna imposta pelo capitalismo. Essa batalha tem de ser de todos”, afirma o vice-presidente do Sindicato, Valmir Mariano.

Eventos nesta semana
Para celebrar a semana da Consciência Negra, o Sindicato irá debater a cultura da periferia e a luta antirracista nesta sexta (22) e neste sábado (23). 

Na sexta, o evento começa às 16 horas, com a palestra “Reparação”, ministrada por Hertz Dias, rapper do Gíria Vermelha e dirigente nacional do Quilombo Raça e Classe. Em seguida, às 19 horas, tem show de rap com Eduardo Taddeo, compositor e ex-vocalista do Facção Central, e o grupo Realidade Urbana. As duas atividades são abertas ao público, na sede do Sindicato (R. Maurício Diamante, 65, Centro).

“Será um momento importante de diálogo sobre a cultura da periferia e sua relevância na busca por reparação”, explica o diretor do Sindicato Célio Dias.

No sábado, haverá o 2º Encontro Cultural de Capoeira. O evento acontece na subsede do Sindicato em Jacareí (R. José de Medeiros, 80, Centro), a partir das 9 horas.

Para fechar a programação, tem o último Samba Democrático do ano, com Família Última Hora, Jú Black e DJ Nathan. O evento é gratuito, no Espaço Nova Era (Av. 23 de Maio, 950, V. Maria), a partir das 19 horas.